E aí, pessoal, como vocês estão? Após um período sem postar nenhum resumo dos nossos textos, eis que volto com um simplesmente sensacional. Ele faz parte do livro "Free: The Future of a Radical Price" de Chris Anderson, lançado em 2009 e que ainda faz todo sentido hoje. Vamos tratar dele no post de hoje.
Bom, inicialmente, Anderson descreve uma história dos sobreviventes do grupo Monty Phyton que se revoltaram por terem sido, digamos, "roubados" com a prataria de seus vídeos. Diante disso, eles resolveram inovar e disponibilizar tudo de graça na Internet, mais precisamente no Youtube. Foi uma estratégia arriscada, mas que deu mais que certo. Em pouco tempo, as vendas de CDs e DVDs cresceram absurdamente e ficaram em segundo lugar na Amazon! E isso fez com que Anderson questionasse essa história do "grátis". Como pode as pessoas estarem ganhando dinheiro sem cobrar nada? Essa é a questão central do livro.
Uma parte super importante é a definição, por Anderson, de dois públicos diferentes do "grátis": o do século XXI e o do século XX. Os críticos mais velhos, do século XX,acreditam que não existe algo totalmente grátis. Você sempre paga de uma forma ou de outra. O "grátis" nunca é grátis. E eles não estão errados, visto que esse é o artifício de marketing mais antigo da história! mas os críticos mais jovens possuem uma visão diferente. Hoje, quando se é ouvida a palavra "grátis", os jovens reagem como algo normal, que sempre esteve ali e que nunca deve deixar de ser. Anormal é algo ser pago nos dias de hoje! Esses jovens cresceram no mundo on-line presumindo que tudo que é digital é grátis - realmente grátis!
Pois bem, assim, Anderson inicia o primeiro capítulo contando a história da gelatina nos Estados Unidos e como ela se tornou famosa (e como o grátis entra aqui). Antigamente, a gelatina dava muito trabalho de ser feita e, quando era comercializada, mesmo sendo em pó, não tinha atrativo algum, visto que antes era vendida na forma basica e sem sabor. Então, Pearle Wait, um carpinteiro que quis tornar as gelatinas um sucesso, fez com que elas tivessem sabores e cores de frutas. Mas ainda assim não viralizou. Batizadas de Jell-O, as gelatinas ainda não atingiram um grande público até que Wait vendeu a marca para a Orator Frank Woodward. Woodward, junto com seu diretor de marketing, tentou criar uma nova abordagem para fazer as gelatinas "acontecerem". Inventou de criar várias receitas que incluíssem a gelatina para que as pessoas precisassem comprá-las. Sabe qual foi a maneira de divulgar essas receitas? Dando, de graça, livros de receitas às donas de casa! Assim, a campanha se tornou um sucesso, a procura pela gelatina aumentou drasticamente e, dois anos mais tarde, o Jell-O já tinha atingido a marca de um milhão de dólares em vendas anuais! Foi dessa forma que nasceu o que podemos chamar de "a ferramenta mais poderosa do marketing do século XX": dar algo para criar demanda por outro. "Grátis", para Woodward, não significava "lucro zero" e sim que a trajetória do produto à receita seria indireta, algo como uma "isca".
Anderson cita no texto outro exemplo que utilizou a mesma estratégia de "isca": a Gillette. O dono King Gillette viu que suas lâminas de barbear não estavam vendendo como deveriam (visto que eram descartáveis e, por isso, deveriam vender sempre). Então, a estratégia utilizada pela marca foi vender, junto com os barbeadores, brindes que fizessem com que o consumidor comprasse aquele produto. Os brindes ajudaram as vendas e essa tática ajudou muito: os clientes tinham os aparelhos de barbear, mas não tinham as lâminas, ou seja, sem elas, os aparelhos eram inúteis. Foi aí que a Gillette saiu ganhando, pois, uma vez que o cliente se acostumava com as lâminas descartáveis, ela teria um cliente diário para a vida inteira. Mais tarde, esse modelo de negócios viralizou e fundamentou setores inteiros. Por exemplo, dê um celular de graça e cobre pelo plano mensal ou faça o console de videogame ser barato e venda os jogos caros, etc.
Agora, trazendo o "grátis" pro século XXI, estamos inventando uma nova forma de grátis. Dessa vez não se trata de uma "isca", como no século passado. Na verdade, se trata de uma nova capacidade de reduzir os custos dos bens e serviços a quase zero. Algo singular dessa era digital é que, quando um produto passa a ser digital, ele, inevitavelmente, se torna grátis. Se compararmos a economia das coisas materiais que nos cercam com a economia do digital, veremos que a primeira tende a ficar mais cara com o tempo, enquanto a segunda tende a baratear cada vez mais. E aí voltamos aquela questão de que qualquer item "grátis", na economia das coisas materiais ao nosso redor, deve ser pago por outro item, ou seja, é uma "isca". Um item grátis na economia do digital é realmente grátis, não tem dinheiro envolvido.
Para concluir mais um post, não posso deixar de escrever uma citação importante do livro. Essa, por sinal, é realmente bem pertinente, visto que foi escrita em 2009 e está valendo -e muito- para os dias atuais.
"Mais cedo ou mais tarde, toda empresa precisará descobrir formas de utilizar o Grátis ou competir com o Grátis, de uma forma ou de outra"
Te espero no próximo post! Até mais, pessoal.
